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Sunday, July 15, 2007

A Nova Cidade (artigo de Luisa Fortes da Cunha, publicado no Jornal Correio da Manhã)



A Cidade Imaginária

A alternativa à CIDADE actual, ultrapassa o conceito sustentável e os limites físicos impostos pelos serviços e pelos equipamentos: A CIDADE IMAGINÁRIA é feita de cada sonho e cada projecto, trazida à cidade por cada criança, família, pelo grupo social de pertença, e em cada velho que a sustém com as estórias das pequenas lembranças do seu bairro, da sua rua e dos seus vizinhos. Pela partilha, os sonhos e projectos de vida transformam o espaço físico num ponto onde a cidade se apoia e expressa! Recuperam-se formas, funções e vivências civilizacionais, que em cada era, constroem novos tempos com significado histórico para o presente e para o futuro.
Chega-se à cidade imaginária se todos, chamados a atravessar, souberem onde estão os respectivos portais e se os poderes públicos os flanquearem. É pelos espaços de encanto, beleza, silêncio, encontro e de jogo da vida, criando dinâmicas na cidade física, que transportam as pessoas, e principalmente as crianças, para o mundo dos significados, do sentido que as coisas têm, do nexo que as coisas fazem, que todos lá chegamos.
A cidade degradada resultou da destruição das escadarias do imaginário, dos sinais que orientavam as pessoas, da inversão de sentidos e da perversão dos significados que as emocionavam. Os espaços, os tempos, sons, cheiros, foram respectivamente ocupados, retirados, substituídos por geradores de ruídos e de caos incivilizacional. Tudo isto é registo dos sábios da cidade. Não vale a pena falar mais disso: está explicado!
Devolvamos as portas do imaginário a todos e a cidade invisível revelar-se-á! São dela sinais, os espaços e os tempos que redondilham em séculos como engenhos da criatividade e da reafirmação comum, expressa em cada era. Há os que se inscrevem nas calçadas, paredes, toponímia das ruas, nos miradouros e praças públicas, nos jardins e espaços abandonados. É com os encantos, que se revela essa cidade invisível que é preciso resgatar, aprender, observar e fazer viver em cada dia com reafirmação do passado e reinvenção do futuro. Na cidade imaginária, os ritmos partilham-se e comungam-se em conversas à dimensão humana que a tecnologia actual facilita, amplia e não abafa. Tem de haver espaços e tempos livres onde o futuro possa ser conspirado.
É no silêncio dos dias desertos onde se pergunta para onde foram todos que é mais fácil perceber essa cidade invisível. Ela, só se vê e se ouve quando se instala em cada um, a nostalgia de um fim de tarde num miradouro qualquer sobre o Tejo, no som de uma guitarra e num aroma de um prato divinal que circula sobre os ares de Lisboa. É aí que se entende que ela tem de ser um parque de gente, que no silêncio dos ruídos da cidade, conversa, conspira e canta o amanhã que sonhou e que se expressa nas brincadeiras de uma criança no meio da rua, com o olhar terno dos avós que contemplam a magia da vida.

Luísa Fortes da Cunha em 7 de Julho de 2007 (7-7-2007)